segunda-feira, 25 de maio de 2009

Como destruir a visão romântica dos anos 60 em 200 páginas...


Rock and Roll, Hippies, amor livre, as revoltas da juventude em 68, Woodstock, contracultura, idealismo... todos estes "eventos" nos remetem aos anos 60... Kennedy, Marylin Monroe, Cuba e Bahia dos Porcos, Guerra Fria... estes também...

Em minha "romântica" visão dos anos 60, Kennedy era um presidente jovem, carismático, com uma família feliz e que vivia em um mundo "quase perfeito"... Marylin era uma atriz de enorme sucesso, com fama internacional e que também vivia feliz... será?

Talvez não... aliás, acho que nunca estive tão longe da realidade. Acabei de ler "Marylin e JFK", escrito por François Forestier (1) e lançado pela Editora Objetiva. Trata-se de um interessante relato de uma época em que absolutamente ninguem era santo...

JFK vem de uma tradicional família católica irlandesa que fez fortuna com o contrabando de bebidas alcoólicas, durante a lei seca (1919 a 1933). Além disso, era um "Don Juan" no melhor sentido da palavra, recebendo mulheres de todos os tipos livremente dentro da Casa Branca... muitas vezes ele despachava sua esposa para a fazenda dos Kennedy para ficar mais a vontade... em outras ocasiões, mandava ver com ela em casa mesmo. E com o devido registro no livro de visitantes da Casa Branca!

Marylin era uma cortesã de primeira grandeza... mulher fácil, sem escrúpulos, que aos seus 30 anos tinha colecionado dezenas de amantes, internações em clínicas de reabilitação e abortos... já tinha feito incríveis 13 abortos! Era conhecida por ser especialista em determinadas "artes", tendo sido filmada em uma de suas performances. O vídeo foi recentemente adquirido por um "colecionador" por US$ 1.5 Milhão (2). Além disso, tinha uma paranóia impressionante de ser a primeira-dama...

Os momentos íntimos de JFK e Marylin foram devidamente gravados em áudio. As ligações telefônicas entre eles e seus amantes, devidamente registradas. Cúmplices aos montes, dentro da Casa Branca e na própria família Kennedy, protegiam o "status quo", enviando Jackie para Glen Ora, a fazenda dos Kennedy em Virginia... assim a mantinham afastada para que o presidente "queridinho da américa" satisfizesse seus desejos.

E isso é somente a "ponta do iceberg". Por trás de tudo isso, um mundo promíscuo envolvendo artistas (uma lista incrível liderada por Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr e outros mais), políticos (Richard Nixon e outros companheiros senadores, deputados), investigadores da CIA, FBI, além de espiões Russos e Americanos... O incrível é que todos se espionavam mutuamente, gerando toneladas de gravações, transcrições e relatórios. Era uma verdadeira "teia" de espionagem, investigações e chantágens.

Em uma de suas últimas performances em público, Marylin canta Parabéns para Você no aniversário de Kennedy... (3). Absolutamente trágico... um presságio para o que viria pela frente... Em 5 de agosto de 1962 ela é encontada morta em sua residência. A versão oficial, overdose. Estranhamente, no entanto, para uma das pessoas mais "grampeadas" da década de sessenta, toda a documentação do FBI sobre a sua morte teve o mesmo destino que os registros da autópsia... simplesmente desapareceram... Queima de arquivo?

Longe de ser um livro imperdível ele é, seguramente, uma fotografia bem deprimente de uma época frequentemente lembrada de forma tão romântica... É claro que existem outras leituras da mesma época, muitas até mesmo românticas, idealizadas... mas, para mim, os "anos 60" ficaram manchados... pelo menos em minha, até então, inocente visão...

(1) http://www.objetiva.com.br/objetiva/cs/?q=node/1735
(2) http://revistaonline.wordpress.com/2008/04/14/filme-com-marilyn-fazendo-sexo-oral-e-vendido-por-us-15-mi/
(3) http://www.youtube.com/watch?v=k4SLSlSmW74

O "Guitar Hero" e a Indústria Fonográfica


Algumas indústrias são mais dinâmicas do que outras... Assim como alguns mercados também o são. A indústria do Petróleo, por exemplo, é extremamente lenta quando falamos em termos de transformação... só recentemente empresas do setor tem se reposicionado como empresas de Energia, e não somente de fornecimento de óleo e seus derivados. A Petrobras é um bom exemplo. Outros segmentos, como o da telefonia, eletrônica e entretenimento, são extremamente dinâmicos e sofrem transformações constantemente. A indústria fonográfica é uma das que tem sofrido transformações mais radicais nos últimos 20 ou 30 anos, com um ritmo mais acelerado nos últimos 5 anos.

As transformações por que vem passando a indústria fonográfica são extremamente radicais. Desde os tempos do disco de vinil, menos de 15 ou 20 anos atrás, até a criação de formatos digitais que adotam por base o popular algorítmo de compressão MP3 (1) muita coisa vem mudando. Lojas especializadas na venda de discos, CDs e DVDs estão sofrendo um forte impacto e a maioria está simplesmente fechando... basta ver o caso das mega-lojas Virgin nos EUA que anunciaram, em março, o encerramento dos negócios (2).

Neste cenário turbulento e confuso, eis que surge um novo componente que pode dar um folego diferenciado para a indústria fonográfica... e vem de um segmento tão dinâmico quanto... o de entretenimento, mais precisamente o de jogos eletrônicos. O "Guitar Hero", disponível para várias plataformas, tem atingido vendas absolutamente inacreditáveis... e, o mais interessante, tem impactado diretamente nas vendas de álbuns das bandas que nele "colocaram" músicas.

Recentemente fui a uma festa de um pré-adolescente (11 anos) cujo tema foi "Guitar Hero"... e o que mais me impressionou foi que boa parte das crianças conhecia músicas de bandas das décadas de 90, 80, 70 e 60... Meu ponto aqui é que em condições "normais", ou seja, sem o "Guitar Hero", eu não acredito que pré-adolescentes naquela quantidade tivessem conhecimento de músicas do Kiss, Aerosmith, Black Sabbath e outros mais... talvez seus pais, mas não eles... e, mesmo assim, nem todos os pais...

Para se ter uma idéia do impacto que o "Guitar Hero" vem provocando na indústria fonográfica e de jogos eletrônicos, vejam só os pontos abaixo (mais detalhes em 3):
  1. O GH foi o primeiro jogo eletrônico individual a superar a marca de US$ 1 Bilhão em vendas... isso mesmo, um bilhão de dólares em vendas... dados referentes final do ano passado. Mais recentemente foi anunciado que atingiu a US$ 2 bilhões em vendas.

  2. Quando um artista ou banda tem sua música incluida no GH, ele experimenta um aumento nos downloads que varia entre 15% e incríveis 843%...

  3. Considerando somente sua primeira semana de vendas, a edição especial "GH: Aerosmith" vendeu simplesmente três vezes mais do que a banda vendeu em seu último álbum de estúdio
E a sequência de conquistas deste jogo segue em uma interminável fila de recordes... puxando a indústria fonográfica junto, seja com downloads, venda de álbuns, venda de tickets para shows, venda de instrumentos, etc.

Não acredito que o Guitar Hero, ou outras franquias similares, possa trazer de volta a indústria fonográfica como a conheciamos, com suas lojas, álbuns, etc. Definitivamente, existe uma transformação em curso que vai dar uma "nova cara" ao mercado de álbuns e música em geral. Meu ponto aqui é que o "Guitar Hero" está tendo um papel fundamental no desenho do futuro desta indústria.

Com o sucesso já obtido até o momento, seguramente, agora, temos uma verdadeira fila de bandas querendo ter suas músicas incluídas nas próximas edições do jogo... Para este ano já estão programados os lançamentos de edições especiais para o Metallica (4) e para o Van Halen (5).

Quanto tempo ainda vai demorar para termos bandas brasileiras no GH?

(1) http://pt.wikipedia.org/wiki/MP3
(2) http://www.azcentral.com/thingstodo/music/articles/2009/03/16/20090316virginclosing.html
(3) http://www.gamecyte.com/ces-2009-guitar-hero-3-first-game-to-sell-1-billion-and-other-guitar-hero-statistics
(4) http://www.gamercenteronline.net/2009/01/15/guitar-hero-metallica-rocks-out-in-march/
(5) http://www.gamercenteronline.net/2009/05/07/guitar-hero-van-halen-confirmed/