segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Férias, Entretenimento Infantil e Violência

Época de férias e, portanto, mais tempo com as crianças em casa. E mais tempo em casa significa, nos dias de hoje e na maioria das vezes, mais tempo na frente da televisão ou de jogos eletrônicos. A indústria de entretenimento definitivamente descobriu as crianças como público alvo e a quantidade de seriados direcionados para eles é enorme. Até aí, tudo bem... afinal, é natural o aumento na oferta para um público cada vez mais exigente e até mesmo formador de opinião. O problema está na mensagem e na qualidade da programação.

Acompanhei meus filhos durante uma dessas "tardes vazias"... muitos programas especiais na TV e, quase todos, de qualidade bem duvidável. E, pior de tudo, em canais que, teoricamente, deveriam ser reflexo de boa qualidade e de exemplo como a Disney Channel e o Discovery Kids. Estes são canais que, em tese, teriam boa reputação e que deveriam ter programação de alto nível. E olha que não estou nem cobrando conteúdo pedagógico... apenas vocabulário decente, pouca violência e exemplos de respeito ao próximo e, principalmente, aos mais velhos.

Diversas Correntes...

O mais surpreendente é que existem diversas correntes, como quase tudo na vida... temos aqueles que acreditam que este tipo de programação pode causar problemas no processo educacional de crianças com menos de 5 anos. Outra, radicalmente oposta e com base em pesquisas há mais de 50 anos, aposta que o efeito é exatamente o contrário.

Talvez o maior defensor da linha dos "do contra" seja o Professor Alison Schwartz. Em artigo publicado na edição de outubro do Early Childhood Education Journal (1), ele garante que o efeito da violência dos cartoons nas crianças com menos de 5 anos pode não ser tão negativo quanto se espera e sustenta a sua tese por dois motivos: o primeiro, pelo fato das crianças nesta idade não terem um entendimento completo do conteúdo apresentado. O segundo seria uma compreensão sofisticada pelas crianças do que seria certo e errado. Segundo ele, o conteúdo destes programas é tão desconexo da realidade que seria óbvio para estas crianças que se trata de ficção.

Apostando que existe uma relação entre a violência dos cartoons e a formação de adolescentes existe um outro grupo com muitos representantes. Um dos mais notáveis é o Professor John Murray, da Kansas State University. Ele defende que a violência apresentada nestes programas é sim um dos componentes que pode criar adultos agressivos.

Você é a favor ou contra?

Claro que as duas pesquisas tomam por base grandes grupos de crianças mas, ao mesmo tempo, ainda existe muito a ser descoberto com relação ao assunto. Um recente artigo, publicado no Media Awareness Network, "Research on the Effects of Media Violence" (2) fornece uma visão bem ampla das diferentes interpretações que este tema vem recebendo de estudiosos. Na tentativa de melhor entender os potenciais efeitos da violência na formação dos adolescentes até mesmo uma escala de violência foi criada...

Depois de alguma pesquisa e conhecendo melhor os argumentos de cada uma das diferentes linhas, o que fica mais claro é que quem pode fazer toda a diferença são os pais. Uma coisa é certa e acompanhar, vigiar e orientar como o tempo das crianças é gasto faz toda a diferença principalmente com um entretenimento televisivo de qualidade bem questionável...

Saudades da "Liga da Justiça"...

(1) http://www.springerlink.com/content/g28nw6878017k142/?p=62334cf3b2e04c3982e2c62c0ff7ce5a&pi=0
(2) http://www.media-awareness.ca/english/issues/violence/effects_media_violence.cfm

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